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quinta-feira, 3 de abril de 2008

O peixe morre pela boca (Jo 3, 31-36) (03/04/08)

O PEIXE MORRE PELA BOCA

Quem já não ouviu esse ditado? E quanta sabedoria popular ele esconde...

Não sei se é de conhecimento de todos, mas um dos símbolos mais antigos dos cristãos, se não o mais antigo, é o peixe. A palavra "peixe" em grego, ichthys, é o acróstico (vocábulo com letras iniciais da frase) de: Iesoûs Christòs Theoû Hyiòs Soter cujo significado é: Jesus Cristo Filho de Deus Salvador, a célebre profissão de fé do apóstolo Pedro (Mt 16, 16). Os primeiros cristãos muito perseguidos pelo império romano, usavam o desenho de um peixe como código para se identificarem: uma das pessoas desenhava uma curva em forma de meia lua e a outra completava o desenho com outra curva formando o peixe. Esse era o sinal de que eram cristãos.

        Mas o que tem a ver isso com o Evangelho de hoje?

        A idéia que permeia todo o evangelho de João, que estamos lendo e leremos durante todo o tempo pascal, é a revelação da messianidade e da filiação divina de Jesus, à partir dos "sinais" (milagres) que nos ajudam a desenvolver a fé em Cristo, como meio de obtermos a vida: "Jesus fez ainda muitos outros sinais que não se encontram escritos neste livro. Esses, porém, foram escritos para crerdes que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus e para que, crendo, tenhais vida em seu nome." (Jo 20, 30s)

Os trechos dos últimos dias estão explorando essa atitude revelativa de Jesus que mais tarde será motivo de sua recusa por parte dos fariseus que, por sua vez, culminará em sua condenação à morte. Mesmo sabendo disso, Jesus não se nega à sua missão. Agora você começa a entender como o ditado se encaixa perfeitamente na pessoa do Filho de Deus: Jesus Cristo Filho de Deus Salvador, o peixe, morre pela boca mesmo!

        Hoje Jesus diz: "Quem é da terra, pertence à terra e fala como terrestre. Aquele que Deus enviou fala as palavras de Deus, porque Deus lhe dá o Espírito sem medida."

        A idéia central é: somos reconhecidos pelo modo como nos expressamos! E expressar-se vai muito além de abrir a boca e pronunciar algumas palavras. A capacidade de comunicação do ser humano é extraordinária. Comunicamo-nos, expressamos nossas idéias e valores a todo momento: pelos gestos, pelo modo de andar, de vestir, de comportar-se, de arrumar o cabelo, de olhar para as pessoas e coisas ao nosso redor. Aí me pergunto: que tipo de linguagem estou utilizando em meu dia-a-dia para anunciar a Jesus? Já lhe aconteceu de contar uma piada daquelas bem cabeludas que no momento todos riem mas que depois lhe sobrevém um grande vazio? Ou de ter falado mal de alguém, por falta de um assunto mais inteligente, e depois notar o estrago e o sentimento de culpa que isso lhe causou? Se a resposta for sim, sabe porque isso aconteceu? Porque seu modo de expressar-se não foi condizente com sua condição de seguidor do "PEIXE" e acabou de dar um contra-testemunho de todos os valores que você diz ter e/ou acreditar. Nem preciso citar a  carta de Tiago, no cap. em que ele nos fala sobre nossa língua...

Portanto, irmãos, para termos um discurso afinado com o Mestre, pensemos muito bem, antes de abrir nossa boca ou tomar qualquer atitude. Saibamos que pessoas que não crêem no Cristo dependem de nosso testemunho para que possam dar seu SIM. Nossa responsabilidade é muito grande. Tropeços sempre existirão porque somos frágeis. Por isso, peçamos continuamente ao Espírito de Deus para nos fortalecer e fazer-nos brilhar como luzeiros no meio da escuridão para que quem receba o testemunho confirme que Deus é verdadeiro.

 

        Atenciosamente,

Humberto Selau Inácio
humberto@ciser.com.br 



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